DA BESTE OF

Este blog é um "Best Of" do que foi publicado originalmente no Citizen Zuko. (www.citizenzuko.bogs.sapo.pt)

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quinta-feira, junho 29, 2006

O Patriota

Eu acho que Portugal devia ser governado por estrangeiros!

Reparem no seguinte: O Governo acaba de lançar um pacote de medidas destinadas a matar o “monstro” do déficit, parecido ao que há 3 anos foi adoptado – pelo menos no que concerne ao IVA - mas não funcionou. E porque é que não funcionou? Porque estamos em Portugal, onde nada funciona! Temos um orçamento para Educação igual ao Francês e mesmo assim o pessoal continua sem saber nada, para não falar em milhares de Comissões de Estudo e Institutos que são criados e subsidiados, mas nunca são dissolvidos. Alias, como somos um povo de brandos costumes e paninhos quentes, uma Comissão é a melhor maneira de não se ter de tomar decisões. Agora foram aumentados os meios para o combate aos incêndios mas, alguém tem dúvidas que este país só não vai arder todo, porque já ardeu em anos anteriores?
Há que admití-lo. Nós temos um grave problema em obter resultados.

Só conseguimos resultados se for um estrangeiro a marcar os objectivos. Geneticamente os portugueses estão programados para responder positivamente a todo o que for estrangeiro, sejam turistas ou sapatos.

Se o Benfica foi a Itália buscar o Trapatonni, porque é que nós estamos limitados a ter um primeiro ministro português? Porque é que não podemos ir à Finlândia contratar um governo, ou mesmo só um ministro? Da mesma maneira como há olheiros para o futebol podia haver para o Governo. Manda-se um olheiro à Lituânia onde um Secretário de Estado da Cultura está a fazer furor e contratava-se o tipo! Se isto agora é tudo Europa, se até temos televisão por cabo e já não existem passaportes porque é que havemos de estar limitados aos políticos nascidos em Portugal?

Por causa da Independência Nacional? Oh meus lindos, onde ela já vai.. Aliás, o grande estratagema dos Filipes foi deixar-nos acreditar que éramos independentes, para nos poderem usar como moeda de troca com as potências estrangeiras. E a ocupação inglesa, depois das guerras Napoleonicas? Se formos ver bem ainda não acabou... Por isso Portugal como nação independente é uma ilusão já há várias centenas de anos e não é isso que nos impede de ler Fernando Pessoa e assar sardinhas.

Para dizer a verdade este país só funcionou na Idade Media, quando eram todos broncos e ainda não havia cheques. Depois, com a primeira fase da Globalização (a que nós chamamos Descobrimentos) as coisas começaram a ficar muito complicadas, muito grandes, e já se sabe, Portugal é um país pequeno com gente pequena e perdemo-nos com aquilo tudo.

Contratar um tipo lá fora para mandar em tudo, até nem era uma novidade cá no burgo. Na Guerra da Restauração contratàmos um francês com nome alemão (devia ser para ser mais internacional) para comandar o Exèrcito e nas guerras napoleònicas a Corte foi para o Brasil e deixou cá um general inglês.

Naturalmente que um Primeiro-Ministro estrangeiro vinha com os boys dele, m as isso para nós não é novidade. Aliás até é capaz de ser melhor... É que ele traria boys para os jobs existentes, quando a moda cá é inventar jobs para os boys.

É que eu sou um patriota e gostava de ver se conseguíamos cá estar mais 800 anos...

(Publicado inicialmente em Maio de 2005)

terça-feira, junho 20, 2006

As 3 Furias - 4º Parte














Primeira parte: http://missluxuria.blogs.sapo.pt/2005/04/ "Hoje convidei a Cicuta"

Segunda parte: Estava no Cicuta com Mel, mas perdeu-se

Terceira parte: http://lasmanitas.blogspot.com/2005_04_01_lasmanitas_archive.html "Aceitei o convite da Cicuta"

E esta é a quarta parte...
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- Mas tu aviaste as três gajas? – Perguntou o Caruja.
- À força toda! Aquilo foi até cheirar a alho! – Pedro cuspiu a casca de um tremoço e beberricou da imperial para deixar o Caruja assentar as ideias.
Os dois não tinham nada a haver, tirando o facto de morarem no mesmo prédio, se podemos chamar prédio a um edifício dos anos 20 a cair aos bocados. Pedro morava nas águas furtadas e tinha pinta e corpo de galã de filme, Caruja era enfezado para a idade. A mãe, porteira, nunca deixou de beber, nem na gravidez.
O Caruja ainda ria quando o ruído mais alto de um autocarro que passava, provocado pelo abrir da porta da cervejaria, atraiu a sua atenção.
-…Pessoal…. – João cumprimentou os dois e sentou-se. Os óculos faziam dele o intelectual do grupo, mas calças brancas e camisa indiana, diziam que não queria esse rótulo. Estavam todos bronzeados. Tinham todos 20 anos. Era verão e era noite.
- Então? Amanhã vamos à praia? – perguntou o João
- Pá… Este gajo aviou três malucas, foda-se!
- Como é que é? “Sô” Mendes! Era uma Imperial…
Pedro olhou para o balcão e pegou no copo, mostrando uma cicatriz no pulso que não passou despercebida a João.
- Três gajas! Meu, foda-se, é a puta da loucura!
- Conta lá isso… Obrigado “Sô” Mendes…
Pedro virou-se. Já tinha assistência. Já podia contar…
-‘Tás a ver o Piri ? Aquele do 36?...
- Sim ...
- O gajo casou-se e na despedida de solteiro levámo-lo a um strip... Assim na brincadeira! Foi aí que engatei as duas gajas...
- ‘Pera lá, foda-se! Eram duas ou três? – Caruja já não percebia nada.
- Primeiro foram duas. Gajas boas, tás a ver? Estavam ali perdidas no bar, ainda pensei que fossem fufas, mas não, meu... Aqui o je chegou-se a elas e tunga! Aproveitei quando elas levantaram os copos a pedir mais e eu, aqui com o meu corpinho, fui até lá!
- Este gajo não existe!...
- E depois, foda-se?
- Bem... depois, falinhas mansas para aqui, um toque para ali e tava feito! Tinha as duas pelo beicinho!
Agarradinhas, meu! - Com o entusiasmo Pedro mexeu-se e uma cicatriz recente num sitio inconfessável
abriu-se, o que lhe provocou um ligeiro esgar...
- O que é que foi? – perguntou João
- Nada! Foi do futebol... – Disfarçou Pedro. Mal.
- E depois? Papaste as gajas ali, foda-se?
- Não meu! Este puto é mesmo bronco! Saímos dali e fomos para um motel.
- Mas já tinhas reservado?... – João sempre atento ao pormenores...
- Liguei para lá e marquei!
- Ganda sorte! Costuma estar sempre cheio...
- Pá isso não sei! O certo é que fomos para lá! E as gajas passaram-se quando viram aquilo! Cama redonda, espelhos, “jacuze”, vibradores...
- Foda-se! Este gajo tem uma sorte!...
- O motel já tinha vibradores? – Um tremoço parou a meio caminho entre o pires e a boca de João.
- Não! Caralho! Era de uma delas! Da baixinha! E tambem tinha uma chibata...
- Então?... Mas espera lá... Mas se elas levavam isso tudo é porque estavam no engate...
- Pá deixa essas merdas, foda-se! Deixa o gajo continuar!
- Obrigado! Bem, começo assim a despir as gajas, que estavam um bocado tímidas... E vai dai, aqui o
meu vasquinho salta das calças e ai é que ficaram mesmo doidas! Agarro numa e tunga! Assim à canzana!
- Há valente, foda-se! Era mais uma, Sô Mendes...
- E a cara da outra, meu? Havias de ver... Começou logo a passar-se assim que a amiga começou a grunhir! Pegou no vibrador e...
- E?... E o quê? Ia usa-lo em ti, não?... – disse João a rir.
- Ouve! Não quero essa merdas, ouviste? - Pedro estava mesmo zangado. Inclinou-se para a frente na
cadeira, de indicador em riste - Eu sou muito homem e no meu cu não entra nada! NADA! Ouviste? - Ao sentar-se de novo uma dor fê-lo contrair-se e lembrou-lhe algo de que se queria esquecer.
- Bem, mas depois de ter montado uma, atirei-me à outra e foi até cheirar a alho! E depois foi atrás, até as gajas rebentarem todas!
- Mas calma lá! Só estas a falar de duas! Não eram 3?
- Mas ai é que está, meu! É que as gajas telefonam a uma amiga! Dá para acreditar? As gajas tavam de rastos e tiveram de pedir ajuda, meu!
- Pá isso não faz sentido...
- E então chegou a outra...também boazona, meu! Aquilo era um aeroporto! Era só aviões, meu!
- ...Quer dizer... elas estavam cansadas, mas tu não...
- Exactamente! Eu ‘tava eléctrico, meu! ‘tava imparável com aquelas gajas ali todas para mim não havia quem me prendesse!
- Prendesse?... – Uma certa cicatriz num pulso veio à memória...
- E a terceira, tal como veio, morreu! Tunga! Ouve, nesse dia o vasquinho pintava paredes! Sempre em pé, ali como um herói!
- Foda-se! Ganda sorte a deste cabrão...
- E ainda levei as gajas para o "jacuze"
- Foda-se! Que merda é essa, pá?
- Tas a ver uma banheira d'hidromassagem? É isso mas redonda! Bem... As gajas na agua, assim com os jactos, tas a ver? Ficavam todas malucas. Nem sabiam o que fazer. Que elas eram assim todas queques e "não me toques". Mas aqui o meu vasquinho não lhes deu descanso!... É pra quem pode, meu! Sô Mendes! É a dolorosa...
Levantaram-se e saíram. Estava uma noite quente. Afastaram-se lentamente, em direcção à Praça do Chile. Pedro coxeava e ocasionalmente esfregava as costas. Notou o olhar trocista de João.
- Foi no futebol – justificou-se.
- Claro... O futebol dá um andar novo às pessoas. E como é? Amanhã vamos à praia?
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Notas: Cresci na Praça do Chile, em Lisboa e inspirei-me nos meus primeiros anos de saidas e "filmes
esquisitos" para escrever este artigo.A cervejaria ainda existe e era ponto de encontro depois do jantar.
Não sei se o Sô Mendes ainda lá está... Os personagens existiram mesmo e foi com eles que passei o fim
da adolescência. Um deles iria ser eu...
Um beijo ás 3 Fúrias (Miss Lust, Cicuta e LaOtra) pela oportunidade.



(Inicialmente publicado em Abril de 2005)